domingo, 28 de fevereiro de 2010

Gritos de Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história da história da gente
Outras de quem nem o nome lembramos ouvir
São emoções que dão vida à saudade que trago
Aquelas que tive contigo e acabei por perder
Há dias que marcam a alma e a vida da gente

E aquele em que tu me deixaste não posso esquecer
A chuva molhava-me o rosto gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida gritava à cidade
Que o fogo do amor sob chuva há instantes morrera
A chuva ouviu e calou meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro trazendo a saudade...

(Mariza - "Chuva")

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Nú Molhado

Preciso de me sentir mulher, de me sentir mulher amada, desejada. Preciso de um olhar que me prenda a atenção e me eleve.

Presa.
Choro.
Sufoco.
Cansaço.
Tédio.

Todos os dias são iguais. A magia já lá vai...não há estrelas. Vejo escuridão. Sinto-me sózinha como a noite em dia de tempestade. Revoltada em mim, vivo como um monte agreste com poucas curvas e numa recta envolta em pedregulhos.

Pesado.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Sensualidade

Formas e curvas em tons pimenta, movimentos num cinza carnal, numa procura deliciosa de um rosto macio, de olhos amendoados, de quatro mãos fechadas e entrelaçadas, toque de pele em chocolate branco.
Impulsos.
Lâminas de gume cortam as chamas do tempo. Geramos no olhar reflexos e leves brilhos em pedra diamante...Sente-se.
Sente-se um odor a baunilha e café...que sai do corpo de um homem que enternecido olha para um outro corpo...o de mulher, que transpira sensualidade e que no ar deixa um cheiro frutado.
Pêssego.
Framboesa.
Enigmática.
São adultos cobertos por um cobertor de gestos, rebeldes em actos puros. Compensam o tempo como podem e aproveitam-no inteligentemente. Tocam-se como se fossem pedaços de vidro...cristal...
São clientes um do outro, são transporte de energia, de luz, de sol. São algodão doce em noites quentes. Torturam-se em carinhos. Satisfazem os seus desejos numa harmoniosa magia.
Fazem daquele momento uma cor vermelha.
Escalda.
Os seus sorrisos são sinónimos de expressões corporais com um tesão constante.
Completam-se.
Realizam-se.
Ouvem-se.
Imitam-se.
Brincam.
Respeitam cada centímetro do seu corpo. Exploram-no. Os dedos não se cansam dos exercícios que os colocam em posições de prazer. E cada pedacinho de tudo é acompanhado por um olhar furtivo.
Caçam-se.
Alimentam-se.
Viciam-se, como quem devora Chocolate...

Sensações

Tenho o peito coberto de lágrimas...uma fusão de sentimentos que cresce em mim como um vulcão que entra em trabalho de parto.
Horas!
Vejo uma imensidão de coisas ao meu redor; sonhos sobre sonhos, ideias sobre ideias, rectas sobre rectas, linhas desniveladas, imagens desfocadas.
Ruptura!

Fecho os olhos...e ao som de Bruno Coulais, dou entrada com o meu corpo num templo de serenidade e alegria, algo que hoje não sinto, mas lá...dentro desse monumento imaginário, o sorriso e a sensação de ascensão plena é perfeita...
Fujo.

Quase adormeço.

A envolvência com o instrumental de fundo consegue deixar-me em estado de hipnóse.

É leve.
Consigo correr em busca do prazer.
Confesso que tenho um sorriso malandro e que agora trinquei os meus lábios e entrei em sedução...os bombos...

Arrepiada com uma doce voz de anjo, que faz sentir perto do meu espirito o céu.
Clareza.

Flautas e harpas, rasgam-me em ventos de mudança. Oprimida.

Transformo-me em Natura. Rego a minha própria flor com o som da água, do vento, dos pássaros e vejo-me nela suspensa a dois palmos do chão.

O mar.
Ele persegue a areia num sucessivo acasalamento. Enrolam-se como na música. A brisa é a sua dama de honra...e eu...eu observo.
Quiéta.

Rochedos elevam-se na minha frente. Gigantes pedras sobrepostas entre elas. Natureza viva que vai ao encontro do seu próprio bem-estar. Os meus pés saltam sobre elas. Procuram. Vagueiam. Deixo-me levar transportada pela carência afecta e pela solidão. Estou só eu e o mundo.
Equilibrio.

Gotas caiem das folhas numa separação que vejo minha...e que dá à terra um novo sentido. Não doi. É frio apenas. Gela por vezes e passa...
Não quero sair deste lugar que tanto me encanta. Desejo ficar. Não posso, porque o dever da vida mortal chama-me para uma história presa em silêncio.
Ama-se.




quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tempestade

Olho para o ecra e tento que a alma me diga o que escrever...que me venham às veias o ferver das sensações e das emoções.
Dormi poucas horas, simplesmente porque no dia anterior o vómito decidiu visitar-me com uma paragem digestiva...Tão bom!!! Nada melhor do que a verdadeira dor em que o nosso estômago tem lá dentro uma pedrinha de sapato! Horrivel! A garganta, também ela fica uma lástima...aquele sabor a tempestade em fins de estação. Maravilhoso!!

Anseio uma cama!!!










terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

O Amor a Preto e a Branco

O amor com linhas pretas, de preenchimento fácil...o branco e retalhado...

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A Séca

Dias de chuva intensa, uma manhã coberta de frio e um acordar que não foi de todo o melhor...a respiração presa e por escassa nesga saio de um sono que não me roubou a vida. Estava presa no inferno. Tudo se tornou claro e vivo aos meus olhos mal consegui sair do buraco que me continha o ar. Alivio. Estou viva. Sinto na minha pele a felicidade de abrir os olhos e ver a luz...mas a culpa foi minha.

Com o mundo todo ao contrário, vivemos no meio intensificado de reticências e interrogações continuas e esgotantes. Perdemos a paciência e murmuramos muitas vezes para lados que não nos interessam...exactamente como eu faço. Concentração? Não existe. No meio do caos é preciso dose dupla de persistência.

Em dose tripla vive-se assim ..."Eu tenho fome de ti...tenho fome de palavras...do som da tua voz...do gesto...das tuas mãos a tocarem a minha face...do teu corpo...da penetração exaustiva e quente..."

No meio de tanta água vivo uma séca de coisas banais aos olhos dos comuns mortais, sendo que aos meus vivo uma séca de sentimentos amarrotados como se fosse uma camisola acabada de sair de uma lavagem a altas temperaturas e tivesse mingado...
Reticências...

Calma...digo-me...ouço-me...entro em estado pleno de raivinha pequena.

Nada me chega hoje e tenho sede de mais. Ora, no meio de tanto meter água, não deverá ser dificil inventar mais alguma.

No telefone...silêncio. Num espaço...nada pior que o vazio...e em mim? Nada pior do que o cansaço de nada.

Tem piada, faz lembrar a tabuada...em que um vezes o outro, dá qualquer coisa, e por conseguinte, esse qualquer coisa, é sempre maior do que anterior...Entenderam?
É simples!!

O dia de hoje resumiu-se a nada...ou pelo menos...quase nada.
Isto só porque houve algo que o preencheu na minha quase essência...


sábado, 20 de fevereiro de 2010

Pontos e Vírgulas

Mais uma mão cheia de dias a passar...e mais pontos e mais vírgulas eu coloco à distância de simples dedos que tentam numa infima e esgueirada tentativa, percorrer a minha mente subjugada à vulgaridade tentada de um crime de corpo e de carne.

Carne...significado? Simples! Tom rosado, com vestigios de sangue, sumarenta...toque, toque, toque...ao toque vemos se é fresca e se a sua conservação está perfeita ou, se pelo menos, segue as regras normais para que aos olhos...aos nossos...pareça saudável.


Continua...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Inteligência

Faz-me falta, por vezes, a inteligência dos burros para entender certas e determinadas coisas... Falam numa outra lingua, uma que não compreendo, cujas coisas são feitas todas ao contrário do que acho certo...cansada como um burro...mas estes conseguem ter a pestana um pouco mais levantada do que aquela que me guia...é tarde...



terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Loucura



Parem!

Ouçam-se no silêncio...estendam-se no chão em cima de algo confortável e ao som de músicas que vos preenchem, experimentem fechar os olhos e navegar por momentos num outro mundo que não este.

Eu...

Solta, embarquei no escuro que a pouco e pouco foi dando lugar a imagens recheadas de ar. Respiração. Sou mulher. Por vezes vivo dentro de bolhas, bolhas de sabão como aquelas que fazia enquanto menina...agora estou dentro delas...

Com ele, somos um só no mundo de gente. Chocolate vivo, entrelaçados, escondidos, mas seguros do desejo, cobertos de beijos molhados, que se perdem entre murmúrios e suores, sexo e amor misturam-se em sede até à exaustão...



Tentação

Acordo, adormeço, acordo, adormeço...e assim se passam dias e dias, sem dar por mim nesta roda viva, neste turbilhão de coisas, que a noite me trás e o dia faz questão de me recordar em pensamentos claros. Desfolho livros, vagueio apenas pelas palavras que eles me dão, não lhes vejo totalmente as letras e crio em mim histórias quentes e a cheirar a chocolate.

Esse odor que me fascina e não me trai, esse odor doce que me tranquiliza e não me foge, esse odor sensual que apenas dito na boca dá vontade trincar um corpo que me chama e que me ama.

Mais do que tudo e mais do que nada, sou em mim aquilo que quero, dou-me aquilo que mais me dá prazer e dou a quem amo o que mais tesão lhe dá. Sorrio. Somos almas encontradas no meio de muitas outras que por aí se perdem.

Tenho em mim o cheiro daquele corpo onde me perco, tenho na minha pele o seu cheiro entranhado e cravado. Sinto o prazer da sua voz, e diga-se de passagem, que não é uma qualquer voz, é envolvente, sensual, mística, segura, grossa, potente, linda e minha...o meu ouvido treme com aquele som e eu disparo de desejo.

Neste dia de Inverno perco-me no meu próprio corpo, numa tentativa de envolvência com o corpo que me dá momentos intensos de sexo, mas não um qualquer sexo, é um sexo delirante, cuja penetração não chega...é um sexo, que dá vontade de rasgar o meu próprio corpo para que possa sentir mais fundo aquele membro que me procura e me fura por dentro. Doces e Suaves Tentações. Chocolate. Esta palavra define o que de melhor se pode encontrar num homem como aquele que encontrei. Um ponto perfeito. Na cama e na vida.

Comigo e sem ele, em movimentos únicos no vale dos meus lençóis, uso os meus pequenos dedos para ter um orgasmo que só ele, hoje, é capaz de me dar. Fecho os olhos. Longe, incapaz de um toque, atiço aquele que me ama no silêncio. Ele. Eu também o quero no meu silêncio. Hoje terá de ser assim. As sms's que troco com ele, acendem-me e arrepiam-me e testam-me a imaginação. Um verdadeiro manjar. Ele...





Toco-me.

Ele penetra-me com os meus dedos.

Massaja-me os lábios grossos.

Enlouqueçe.

Desejo.

Venho-me.



Por vezes as palavras não me são suficientes para descrever o que este homem, feito de chocolate, me faz sentir. Tentação. Não é pecado. É amor de mulher e de homem que emerge todos os dias no meu peito. Só não me toca como desejo. Hoje.